Que a Umbanda é plural, muita gente sabe, que em seu culto/rito, absorveu um pouco de algumas religiões, é fato conhecido.
Uma religião brasileira com fundamentos próprios que trouxe para dentro do seu ritual culturas diversas, povos que habitaram o mundo inteiro.
Alguns se referem à Umbanda como uma religião afro-brasileira, mas isso não é verdade porque cada casa, cada terreiro de Umbanda, carrega em si mais ou menos influencias de outras religiões e crenças.
Dito isto, o texto que segue abaixo, é fruto de uma pesquisa, ou curiosidade mesmo de minha parte sobre o assunto: "Cangaceiros na Umbanda"
Assunto polêmico que gera muito debate e confusão.
O Catimbó Jurema/Jurema Sagrada, talvez não admita que nas manifestações mediúnicas, que acontecem na Umbanda, esses espíritos se manifestem quando, na verdade, o espírito é livre e se manifesta onde e quando sua presença seja necessária, é claro que sempre amparado pela permissão da Lei Maior e nada mais natural que no Brasil se manifestem espíritos que viveram de Norte a Sul do país.
Tem gente que não aceita tais manifestações porque conserva em seu mental, ou crença popular, que cangaceiro não pode ser espírito de luz que possa ajudar alguém com bons conselhos e orientações, mas isso é preconceito e falta de compreensão sobre o que seja um espírito trabalhador que se manifesta para servir à Luz.
Quando surgem histórias sobre Exus e outras entidades, revelando o mal que fizeram e como, depois de esclarecidos, se prepararam para servir à Luz sob a Égide da Umbanda ou outra religião, ninguém se espanta ou se manifesta tão contrário a respeito como com os cangaceiros. Esses são imediatamente sentenciados pela crença popular, porém, muitos passaram pelo mesmo processo de arrependimento/esclarecimento e oportunidade de reparação através do trabalho de caridade na Umbanda ou em outra religião.
Vamos pensar, refletir sobre.
De minha parte, não me espantaria, ou me causaria desconforto algum, saber que entre nossos boiadeiros/baianos, por exemplo, se manifestassem espíritos que foram cangaceiros quando encarnados porque sabemos que, para se manifestar como trabalhador de Umbanda, o espírito passa por alguns processos até que seja liberado para o trabalho. Isso envolve disciplina, evolução, depuração...
Cabe a nós, como Umbandistas, nos libertarmos dos preconceitos velados.
Já dizia nosso querido Caboclo das Sete Encruzilhadas:
"Aos que sabem menos, vamos ensinar e com os que sabem mais, vamos aprender."
Essa é uma Lei de Umbanda: Acolher a todos que se dispõem a servir à Luz pela prática do bem, do amor e da caridade, acolher ainda a todos que buscam, nos terreiros, auxilio. Salientando sempre que na Umbanda buscamos ajuda para nos melhorarmos, para vencer todo e qualquer tipo de mal que atrase nossa evolução, saúde, harmonia, prosperidade. Na Umbanda não se serve a dois senhores, servimos a um único Deus pelo bem de todos.
Por fim...que nossos irmãos Juremeiros sejam respeitados assim como desejamos, nós, Umbandistas, também sermos em nossos fundamentos e rituais. O respeito mútuo nos une e torna possível que alianças, parcerias, pelo bem comum, se estabeleçam entre nós.
Salve todo o praticante do bem!
Anna Pon
A HISTORIA DO CANGACEIRO E MESTRE JESUÍNO BRILHANTE
Antes de começar esse relato, gostaria de explicar a todos os leitores e amantes do catimbó Jurema, que há vários relatos de pessoas adeptas do culto Catimbó Jurema que acostam com essa determinada entidade, pois o mesmo virou um Encantado, sendo assim, contra fatos, não há argumentos.
Quem foi Jesuíno brilhante? Como era conhecido esse grande cangaceiro do sertão nordestino? Seria um bandido ou um herói?
Bem, apesar de muitas controvérsias; uma coisa posso afirmar:
Muitos o chamavam de o "Robin Hood" do sertão.
JESUÍNO ALVES DE MELO CALADO Mais conhecido como o cangaceiro JESUÍNO BRILHANTE, foi um cangaceiro Brasileiro, e considerado um dos precursores do cangaço no Nordeste Brasileiro.
Seu pai se chamava João Alves de Melo Calado.
Sua mãe se chamava Alexandrina Alves de melo Calado.
Alguns afirmam que a data de seu nascimento foi no dia 02 de janeiro de 1844, era sítio Tuiuiú nas proximidades de Patu no Estado do Rio Grande do Norte.
Agricultor e criador, até os vinte e cinco anos era um homem pacato.
Segundo relatos apurados, Jesuíno era de estatura baixa, robusto, pele clara, arruivado e de olhos azuis, falava manso e com tato, exímio atirador tinha grande pontaria sendo ainda ambidestro.
Casou-se no dia 07 de novembro de 1863 na fazenda timbu de sua propriedade em Patu, com uma prima, chamada Maria Carolina de Mello com quem teve cinco filhos: eram eles: Filomena, Alexandrina, Francisca, Lúcio"
Jesuíno era um verdadeiro “Robin Hood” do sertão, roubava dos ricos para distribuir aos pobres, tendo como fato que durante as grandes secas que assolavam o sertão nordestino em 1877, uma das mais catastróficas da história, ele e seu bando saqueavam os comboios enviados pelo governo transportando alimentos e distribuía aos flagelados a seu critério; era aquele que protegia as donzelas ultrajadas, fazendo casamentos, principalmente de filhos de poderosos que abusavam das filhas dos sertanejos humildes, achando que não seriam punidos ou obrigados a casar.
A entrada de Jesuíno Brilhante no cangaço deu-se em razão de uma desavença com uns vizinhos da família Limão, esses ligados ao partido Conservador, então dominante da política local, em contra partida a família de Jesuíno estava ligada ao partido Liberal, “em baixa” como se dizia na época.
Este fato em especial viria a causar a perseguição a Jesuíno por parte de um governo tendencioso.
Após o roubo de uma cabra na fazenda dos Calados, praticados por membros da família Limão, a briga esquentou, tendo um irmão de Jesuíno de nome Lucas Alves, que teria levado uma surra de Honorato Limão na rua de Patu, o fato revoltou Jesuíno Brilhante que se dirigiu à localidade em busca de vingança, tendo encontrado o agressor em um bar, zombando e mandando abrir uma garrafa de cachaça em “honra do morto” Jesuíno brilhante invadiu o estabelecimento comercial e matou Honorato Limão a golpes de faca, fato ocorrido precisamente no dia 25 de dezembro de 1871, noite de Natal.
Outra versão é que um menino da família Limão teria desrespeitado o patriarca da família, o major João Alves de Mello Calado, Zé Limão cumprindo ordens de seu patrão José Lobo, fora à fazenda Tuiuiú devolver uma junta de bois que João Alves havia emprestado a seu patrão.
Desgostoso com a ordem, o moleque foi a contragosto e chegando a propriedade dos Calados, não tratou com respeito ao velho fazendeiro, naquele mesmo instante chegava à fazenda Jesuíno, filho de João Alves que presenciou toda a cena e pediu respeito para com seu pai, o menino atrevidamente respondeu ao filho de João Alves e puxou uma faca para agredi-lo, sendo desarmado e dominado por Jesuíno, acabou levando uma surra, A família Limão passou a jurar vingança pela surra que o menino levou.
A partir do assassinato de Honorato Limão, Jesuíno Alves de Melo Calado passaria a ser Jesuíno Brilhante, o nome era uma homenagem a um tio, que havia abraçado a vida bandoleira anteriormente.
Sua vida foi repleta de histórias extraordinárias, como a que uma vez, chegando à fazenda de um conhecido seu, pediu ao fazendeiro cavalos, viveres e dinheiro, tendo este negado, dizendo que dar, não daria, se quisesse que levasse, Jesuíno respondeu-lhe que era cangaceiro sim, ladrão não, montou em seu cavalo e saiu sem mais nada dizer ou fazer.
Outro fato famoso de sua vida bandoleira deu-se na invasão a cadeia de Pombal na Paraíba, com o intuito de soltar seu irmão Lucas Alves que estava preso naquela cidade, segundo relatos, o motivo da invasão foi porque o irmão de Jesuíno teria se envolvido em um assassinato em catolé do Rocha, Lucas Alves foi preso e levado para a cadeia de pombal, Jesuíno brilhante ao saber que seu irmão estava preso resolveu resgata-lo, Lucas Alves estava preso com 50 criminosos juntos, quando a notícia saiu que o cangaceiro Jesuíno brilhante iria invadir a cidade de pombal para resgatar o seu irmão, a população ficou apavorada, todos já sabiam da fama e valentia que Jesuíno brilhante tinha dentro do sertão nordestino, ao chegar na cidade de pombal, Jesuíno brilhante se vestiu de mendigo para combinar com seu irmão Lucas Alves como seria o seu resgate, justamente o prometido foi cumprido, as 02 horas da madrugada no mês de fevereiro do ano de 1874 numa quinta-feira, o bando de Jesuíno composto por 8 cangaceiros invadiram a cidade de pombal sem dar um tiro sequer, houve tiros da parte dos três volantes que estavam de plantão na delegacia, mas ao saber de quem se tratava ficaram com medo, foi então que o irmão de Jesuíno brilhante falou para os guardas que estavam de plantão:
Se eles se entregassem e soltassem ele, ninguém iria morrer ou ser ferido, os soldados se renderam, Jesuíno junto com o seu bando invadiu a delegacia e resgatou seu irmão e alguns presos que quiseram fugir, de 50 presos apenas 12 ficaram, os mesmo não quiseram sair da prisão, os cangaceiros que participaram dessa invasão a delegacia de pombal foram eles:
João Alves - seu irmão, Joaquim Monteiro - seu cunhado, Manoel Lucas o pintadinho, Antônio Félix o Canabrava, Lúcio Raimundo Ângelo, o latada, Jesuíno brilhante, o chefe do bando.
Houve também outros acontecimentos, assim como também o ataque à cadeia de Martins no Rio Grande do Norte, quando tiroteava com seus inimigos ia furando buracos nas paredes das casas conjugadas, indo sair na última casa da rua, deixando seus adversários atônitos com sua astúcia, nesta ocasião deu fuga a 43 presos conforme consta no processo aberto para apurar o caso.
Outra história sobre Jesuíno bem interessante:
Num belo dia estava sentado debaixo de um pé de Jurema preta, quando apareceu uma cabra (jararaca) e ficou olhando pra ele, mas o medo de Jesuíno era tão grande que ele ficou quieto sem fazer nada, após nove horas, um olhando para o outro, a cobra decidiu ir embora, Jesuíno imaginou que aquilo não seria desse mundo.
Jesuíno entrou na vida bandoleira aos vinte e cinco anos, passando cerca de dez anos vivendo embaixo do cangaço, porém, jamais foi assalariado para cometer qualquer tipo de crime, tinha orgulho de dizer que nunca havia matado para roubar.
Dentre as histórias heroicas da tradição oral atribuída a "Jesuíno Brilhante", conta-se que certa vez pedindo pouso em uma fazenda, foi atendido pela mulher do fazendeiro, pois, este estava viajando. Aflita, a mulher pede socorro, um valentão do lugar havia mandado avisar que ela se preparasse naquela noite, pois ele viria dormir com ela, "Jesuíno" orientou a mulher a sair de casa e tomou seu lugar no quarto, Jesuíno esperou o valentão, que apareceu à noite e adentrou o quarto pensando encontrar a pobre mulher indefesa. Pouco tempo depois o homem saiu gravemente ferido e veio a falecer.
Ao amanhecer a mulher voltou para casa, encontrou Jesuíno que a tranquilizou dizendo ter resolvido o problema, o valentão não voltaria mais, pois havia viajado.
Também no Ceará, o cangaceiro romântico fez das suas. Após sua esposa e seu pai sofrerem severas humilhações praticadas pelo Alferes Sá Leitão, no Rio Grande do Norte, o militar agressor tentou refugiar-se nas redondezas da cidade de Russas, onde para seu azar, moravam vários familiares do cangaceiro.
Não demorou muito para que Jesuíno Brilhante fosse avisado pelos parentes do paradeiro de seu inimigo, ele deslocou-se para as terras jaguaribanas acompanhado somente do cabra conhecido por Pajeú. Sabendo de todos os passos do militar, Jesuíno preparou uma emboscada e feriu mortalmente seu opositor, após o ocorrido voltou oculto para o território potiguar.
Jesuíno brilhante passou a ser chefe do bando, comandava vários cangaceiros entre eles, alguns parentes:
Lúcio - era seu irmão, João - era seu irmão, Joaquim Monteiro - seu cunhado, Manoel Lucas de Melo - o pintadinho, Antônio Félix - o Canabrava, Raimundo Ângelo - o latada, Manoel tal - o cachimbinho, José Rodrigues, Antônio do Ó Benicio, Apolônio, João Severiano - o delegado, José Pereira - o Gato, José Antônio - o padre, todos faziam parte do bando de Jesuíno brilhante.
A vida de Jesuíno Brilhante foi heroica e sua morte não poderia ser diferente.
Sendo atacado pela polícia comandada por um dos seu inimigos, da família Limão, vendo-se acuado montou em seu cavalo e partiu acelerado em direção dos seus perseguidores disparando seu bacamarte, mas foi ferido mortalmente pelo inimigo, uma emboscada bem planejada pelos seus inimigos acaba tirando a vida de Jesuíno brilhante.
Jesuíno foi ainda carregado pelos companheiros, vindo a falecer no lugar por nome serrote da tropa que fica localizado na comunidade de santo Antônio próximo ao sítio palha do mato, às margens do Riacho dos porcos, em dezembro de 1879.
Segundo os relatos apurados, o autor do disparo teria sido o suposto preto limão, que disparou com uma carga de bacamarte.
Os relatos confirmam o mesmo local onde ele foi enterrado. Anos depois seu amigo, o médico Francisco Pinheiro de Almeida Castro exumou o esqueleto, levando a caveira para Mossoró, daí para a cidade do Rio de Janeiro de onde não se sabe hoje seu paradeiro.
Cangaceiro e mestre JESUÍNO BRILHANTE
Esse texto foi postado há mais de 2 anos em nossa página. Espero que gostem da leitura histórica.
Jurema sagrada
Texto escrito e pesquisado por:
Juremeiro Canindé
Denis Costa
Fontes:
Ângelo Osmiro.
Via Sou Juremeiro
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