O Casamento na Umbanda 
por Lurdes de Campos Vieira com supervisão de Rubens Saraceni 
O elemento humano vital, o impulso universal que tudo cria e gera, que motiva duas
pessoas a unirem suas vidas em uma existência comum é o Amor. 
O verdadeiro sentido do casamento é a fusão de duas almas, é deixar de ser parte para
tornar-se todo. 
A união das forças do homem e da mulher, em um compartilhar sincero de
duas vidas, faz aflorar uma parte fundamental do ciclo humano. 
O casamento é o elo mais
forte e perpetuador da sociedade, é a união solene entre duas pessoas,
com legitimação religiosa e/ou civil, para a constituição de uma família. 
A família deve
funcionar como o berço dos valores que formam o caráter e a personalidade do ser. 
O
casamento é perpetuador da família. 
Os primeiros conceitos de ética e moral, a primeira ideia e concepção sobre o que é
Deus, religião e religiosidade, aparecem na família, uma das principais bases de nossa
sociedade. Isso coloca em evidência a importância da união matrimonial, da integração e da
valorização da família com a religião. 
O casamento não é apenas uma instituição humana, mas é também instituição divina.
Não podemos esquecer que a lei dos homens não é mais importante que as bênçãos de Deus.
Para isso, o Divino Criador, Olorum, precisa estar presente, como Sacramento (sinal), na
vida dos casais. Sem Olorum, o casamento pode tornar-se um fardo muito pesado de se
carregar. 
O amor humano e o desejo sexual podem se exaurir rapidamente, e, portanto, não
serem suficientes para sustentar a relação.
O casamento significa uma verdadeira aliança do casal com o plano divino, um pacto de
comprometimento total, pois o Divino Criador é Amor, é união, é dádiva, é bondade infinita. 
A bênção de Deus fortalece o casamento, na realidade do dia-a-dia, restaurando-o com sua
misericórdia, sempre que necessário; proporciona crescimento espiritual e aproxima o casal
do Divino Criador. 
O casamento na Umbanda é um ritual belo, simples e singelo, no qual o sacerdote,
sacerdotisa ou a entidade responsável, pela outorga a eles conferida, dá as bênçãos divinas
para a união do casal, lembrando-lhes os valores e o significado dessa união. 
A Umbanda
prega a monogamia, a fidelidade, o respeito mútuo e o amor a Deus. O bom relacionamento 
deve ser dinâmico e sua harmonia só pode ser alcançada com Amor, Respeito, Dedicação,
Crescimento e Maturidade. 
Preparação (sugestão de ritual)
Em frente ao altar, deverá estar arrumada uma mesa, ornamentada com uma bela
toalha branca rendada. No chão podem ser colocados belos vasos com flores. Sobre a mesa,
castiçais com velas: branca, para Pai Oxalá, e azul-claro, para Mãe Iemanjá. Também deve
haver sobre a mesa água, pemba ralada e crisântemos, uma vela rosa para a noiva,
representando Mamãe Oxum e uma vela azul-turquesa para o noivo, representando Papai
Oxumaré. 
Esses orixás simbolizam a união para a preservação da vida. 
• A água, em um cálice ou taça, significa a vida e a purificação. É utilizada para banhar
as alianças. 
• A pemba, representa o alimento, a terra, a firmeza e a estabilidade. 
• O crisântemo é utilizado para aspergir a água, abençoando, para colocar as alianças
dentro e porque foi a flor indicada pelos mentores, pois traz harmonia, quietude, paciência,
tolerância e benevolência. 
Em frente à mesa, no chão, devem estar duas belas almofadas brancas, de cetim, para
que nelas os noivos se ajoelhem ou um genuflexório no qual os noivos fiquem bem
acomodados. Os médiuns poderão estar formando a corrente mediúnica, os homens à
esquerda e as mulheres à direita, de frente para o altar. 
No meio, deixar um corredor, com
7 médiuns mulheres do lado direito e 7 médiuns homens do lado esquerdo, segurando palmas
brancas, formando uma espécie de “túnel de flores”, para a passagem da noiva, na entrada,
e dos noivos, na saída. O corredor poderá estar coberto com pétalas de rosas ou folhas de
outras plantas. Ele simboliza o caminho florido que estão pisando juntos. 
O trabalho
O (a) dirigente poderá abrir o trabalho, normalmente, com a Curimba entoando o Hino
da Umbanda, canto de abertura, defumação, louvor a Pai Oxalá e às Sete Linhas, etc. A
seguir, chama o noivo e os padrinhos para frente, ao lado do altar.
Entrada da noiva 
A Curimba faz canto para a entrada da noiva, que se dirigirá à frente do altar,
encontrando-se com o noivo. Os padrinhos posicionam-se ao lado, atrás dos noivos,
segurando as velas na mão direita. O padrinho segura a vela azul e a madrinha a vela rosa. O
sacerdote posiciona-se em frente aos noivos. 
EXPLANAÇÃO 
 O (a) dirigente poderá explanar sobre a doutrina, sobre o sacramento que será
realizado, orientar os fiéis sobre a importância de se ter uma religião, do cultivo da
religiosidade e do casamento. Poderá falar aos noivos sobre a importância do casamento na
Umbanda. 
O Matrimônio 
“Estamos aqui reunidos, sob a luz de nosso Pai Olorum, pedindo a nosso Pai Oxalá e aos
Protetores, para que seja abençoada e se consagre a união de nosso irmão ....(nome do
noivo) com nossa irmã (nome da noiva). Essa união é desejo de ambos, para darem
prosseguimento às suas vidas aqui no plano físico, porque é a condição fundamental, uma
necessidade para a preservação da própria espécie. Que ela seja abençoada e seja o início
de uma caminhada em comum. Queremos parabenizar a decisão dos noivos, pois é assim que
procedem as pessoas que se amam e querem dar sequência a uma família. O Amor é um
sentimento, uma sensação, uma fonte alimentadora do ser, um princípio gerador, que
extrapola as fronteiras do universo pessoal, mesclando-se à vida. Nosso Divino Criador,
Olorum, gerou espíritos masculinos e femininos e as espécies aos pares, machos e fêmeas
para se complementarem. 
A união dos pares faz parte de uma das formas de sustentação da
vida e da multiplicação da espécie humana no planeta. Quando amamos e somos amados,
muda a própria visão que temos do mundo, pois ele nos parece muito melhor e mais bonito.
Tornamo-nos mais tolerantes, mais humanos, mais fraternos e mais saudáveis. Felizes são os
que se unem com seus pares! 
O casamento é a união estabelecida por Deus, para o nosso aperfeiçoamento. Só os que
se unem em Deus, com Suas divindades amparando-os, são plenamente felizes, respeitados
pela sociedade, pelos familiares e pelos amigos. Um relacionamento afetivo só será bem-sucedido se houver respeito e entendimento mútuo, se houver cumprimento do dever moral
e se cada um der o que tem de melhor para a felicidade do casal, para ver no outro a
satisfação da vida. 
É isso que Deus quer de vocês! 
A Umbanda adotou os procedimentos de
nossa cultura ocidental, que é monogâmica. Mas, a fidelidade não deve existir por mera
convenção social, e, sim, porque estaremos cumprindo diante de Deus o que aceitamos do
plano espiritual. O dever moral, na ordem dos sentimentos, é muito difícil de se cumprir e
suas vitórias não têm testemunhas. Dever é coragem da alma que enfrenta as angústias da
luta. A obrigação moral para com Deus jamais cessa e o homem que cumpre seu dever ama a
Deus mais que às próprias criaturas.
A mesma lei que nos ampara, nos pune quando a infringimos. Se o Amor não resistir ao
tempo e um dia vier a separação, que não haja traição nem ofensas. Em religião, nenhuma
infidelidade é aceita. 
Os casais que não seguem regras racionais, acabam por separar-se,
mas o plano físico é apenas uma passagem. A separação com antipatia, com sentimentos de
mágoa, ódio, gera carma que se desdobra no plano espiritual. 
O casamento é a união de dois espíritos, de duas vontades, de duas consciências, para
assumir as funções de marido e esposa. Implica em conduta, preservação de preceitos, 
mudanças interiores, amparo e respeito. A união necessita de reflexão, para que se tenha
consciência das responsabilidades daí em diante, para dar orientação aos que vierem dessa
união. 
Pai e mãe devem ter condutas exemplares, nas quais o filho possa se espelhar para um
dia ser feliz em sua união, também. Cada um de vocês, hoje, assume um dever para com o
outro, de respeito mútuo, de estimular, de amparar, de compartilhar alegrias, tristezas e
dificuldades.
Na união do sagrado matrimônio, estão unindo seus espíritos diante de Deus, estão
assumindo um compromisso de trilharem um único caminho, juntos, com Amor. 
O casamento
é a cerimônia religiosa mais importante de todas, porque é o momento em que um se
responsabiliza pelo outro, com renúncias em benefício mútuo.” 
A cerimônia de casamento 
O(a) sacerdote (sacerdotisa) deverá coordenar o propósito do culto do dia com as
necessidades da assistência. 
O(a) sacerdote(sacerdotisa) diz aos padrinhos: 
ORIENTAÇÃO AOS PADRINHOS 
Ser padrinho e madrinha de casamento é um ato social, mas, para os Sagrados orixás,
sua função é a de atuarem como luzes na vida de seus afilhados, para que, no caso de
desavenças, eles possam chamá-los para conversar e se orientar. 
Vocês deverão trabalhar as
dificuldades do casal, com harmonia, com a razão e não com a emotividade, para não
desenvolver rupturas e carmas.
Quem está na dificuldade não consegue tomar decisões acertadas; aí é importante a
ação dos padrinhos. 
Ser padrinho e madrinha é ter ascendência sobre os afilhados, para
chamá-los à atenção quando necessário. Nesse caso, poderão ser utilizadas as velas,
deixando-as acesas um pouco, para equilíbrio, para que voltem a se ver como hoje, como
par, casal que se ama. Apagar as velas em seguida. 
O (a) sacerdote (sacerdotisa) une as mãos dos noivos, coloca a sua mão direita sobre as
deles, reza e diz ao casal — A você (nome do noivo) e a você (nome da noiva), que hoje
estão aqui para dar esse passo importante, peço a bênção dessa união a nosso Pai Oxalá. Em
nome de Deus Pai, Todo-Poderoso e dos Sagrados orixás, pelo poder a mim conferido pelos
orixás eu pergunto: 
“Estão conscientes da responsabilidade que estão assumindo?” 
O(a) dirigente pega e abençoa as alianças, que antes foram colocadas na água, na
pemba e no crisântemo. Eleva as alianças, para que recebam as bênçãos, a imantação
divina, enquanto os noivos permanecem ajoelhados. 
 “Nosso Deus, nosso Pai, Divino Criador, Sagrados orixás, peço-Vos que derramem Vossas
bênçãos sobre estes símbolos de união, para que quando forem usados, os noivos sempre se
lembrem do compromisso assumido diante de Vós. 
A Curimba canta pontos de união. 
“Peço ao Divino Olorum, a nosso Pai Oxalá, aos demais orixás e protetores que
abençoem esta união sagrada, derramando suas luzes sobre vossas coroas. Peço-lhes que
esta união ocorra também em espírito, para que, unidos diante de Deus, usufruam dos
benefícios do sagrado matrimônio, para fortalecimento do vosso espírito e do elo que neste
momento está se estabelecendo entre ambos. 
Pede aos noivos que se levantem e pergunta: 
• para a noiva: (nome da noiva) é de livre e espontânea vontade que você recebe
(nome do noivo) como seu esposo? 
• para o noivo: (nome do noivo) é de livre e espontânea vontade que você recebe
(nome da noiva) como sua esposa? 
Após o sim, “então, que seja anotado no Livro das Uniões e que, agora, vocês troquem
as alianças, que representarão essa união perante a sociedade. 
Que abençoados sejam vocês
em sua união, para vivenciarem o Amor, que já foi vivenciado em outros planos, e aqui
repitam a alegria da vida. 
O(a) dirigente assina o livro e diz: 
“Agora estão unidos perante Pai Olorum e perante os Sagrados orixás. 
Que Deus os
abençoe! E porque diante de Deus e da Umbanda estão unidos como marido e mulher,
finalizamos esta cerimônia, pedindo que assinem nosso livro. 
“Podem se beijar!” 
A Curimba poderá cantar hinos e pontos de alegria. 
O sacerdote ou sacerdotisa entrega as velas aos noivos, orientando-os para que elas
sejam preservadas sempre em pé. Parabeniza-os. Noivos, padrinhos e testemunhas assinam
o livro. Saída dos noivos, com canto da Curimba, para recebimento dos cumprimentos. 
Encerrar o trabalho. 
Texto extraído do livro “Manual Doutrinário, Ritualístico e Comportamental Umbandista - Coordenação
de Lurdes de Campos Vieira / Supervisão de Rubens Saraceni - Editora Madras
Nota
Acima está exposto um modelo de casamento na Umbanda. Pode ser alterado pela orientação do dirigente da casa ou de seu mentor espiritual, lembrando sempre que: casamento entre pessoas do mesmo sexo também são realizados na Umbanda.
Anna Pon
Olá, sou Anna Pon, autora deste blog. 
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"A História de Pai Inácio" https://bit.ly/3tzR486  
"A Cabana de Pai Inácio"  https://bit.ly/3nlUKcv



O casamento na umbanda realmente é muito lindo, cheio de amor e caridade, porém, para um site que explica sobre um casamento nesta religião ser completamente preconceituoso com casais homossexuais e fingir que não existimos/ que não casamos mancha totalmente o objetivo da umbanda na terra e os ensinamentos que os guias espirituais buscam nos trazer.
ResponderExcluirCaro Anônimo, seria bacana ter deixado seu nome. Leu o texto até o final? Tem uma nota de minha autoria lá. Quando li esse texto, percebi o viés preconceituoso, não alterei porque não é de minha autoria. Só disponibilizei aqui no blog porque o conteúdo, no geral, é muito bom, traz boas informações, mas é isso: todo texto deve ser filtrado, para que se retire dele o melhor. Somos Umbandistas e o preconceito não nos cabe evidentemente, porém, em nosso meio, existe sim um preconceito velado em relação a várias questões, enfim...não julgue, por favor, todos os textos e trabalhos disponíveis aqui só porque encontrou um texto de alguém que não lhe agradou. Procurei minimizar isso com a nota que escrevi no final, mas creio que não leu todo o texto, pena, porque é bom. Seja bem-vindo(a), seja lá você quem for. Saravá.
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