O corpo é um templo. E como todo templo sagrado, ele exige respeito, presença e cuidado. Muitos de nós, ao buscarmos espiritualidade, voltamos os olhos apenas para o que é invisível. Mas esquecemos que a alma habita a carne — e que o Espírito só se manifesta plenamente quando o corpo permite. Chico Xavier, em sua sabedoria, dizia: "Não basta cultivar a fé. É preciso harmonizar o pensamento, o sentimento e também o corpo, para que sejamos instrumentos úteis na obra do bem." Nosso corpo é o altar silencioso onde todas as emoções se refletem. Cada escolha — o alimento que colocamos no prato, o tempo que dedicamos ao descanso, os movimentos que oferecemos à musculatura — são orações vivas, mesmo sem palavras. A má alimentação, o excesso, o sedentarismo e os abusos cotidianos são formas discretas de autonegligência. E o que parece banal, com o tempo, gera ruídos na conexão com a própria alma. Um corpo intoxicado não ouve bem sua intuição. Um organismo cansado não responde bem ao...
O candomblé reproduziu na religião os postos de comando dos governos das cidades. O conselho do rei de Oyó, cidade de Xangô, inspirou a criação do conselho dos obás ou mogbás nos terreiros desse orixá. Obás de Xangô é uma espécie de colegiado superior dos velhos do candomblé da Bahia. Ministros de Xangô Os obás, os ministros de Xangô, são os olhos e ouvidos do rei africano, o monarca da cidade africana de Oyó. No Brasil, no culto ao orixá da justiça, desempenham papel fundamental ajudando de forma efetiva as ialorixás. O cargo, ocupado por gente ilustre como Jorge Amado, Caymmi, Gilberto Gil, Verger e Carybé, continua presente no Ilê Axé Opô Afonjá, terreiro responsável pelo resgate, nos anos 30 do século XX, da figura do obá. Deus da justiça Há centenas de anos, o povo nagô habitava uma planície na África sob o governo do rei Abiodum. A capital desse reino iorubá era Oyó, antigo acampamento usado pelos nagôs para domar búfalos. Nessa terra, a sobrevivência era um contínuo desafio e o ...